Vida Mágica

A transformação em busca da Essência.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Deus segundo Spinoza

Pare de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.

Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pare de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo ruim em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo de mau.

O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pare de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes ler-me num amanhecer, numa paisagem,

no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... então não me encontrarás em nenhum livro!

Confie em mim e deixe de me pedir tanto. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pare de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pare de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... se te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio...

Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se fui eu quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.


Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.

Esta vida é tudo o que há aqui e agora, e tudo o que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro.

Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não poderia dizer-te se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse.

Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada,

terás aproveitado da oportunidade que te dei.

E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Pare de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.

Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas teu filhinho, quando acaricias

teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pare de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Aborrece-me que me louvem; cansa-me que agradeçam.

Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.

Tu te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pare de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui,

que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para quê precisas de mais milagres?

Para quê tantas explicações?

Não me procures fora! Não me acharás.

Procura-me dentro de ti... aí é que estou.



Baruch Spinoza
Bento de Espinoza (também Benedito Espinoza ou Baruch Spinoza) (nasceu em 24 de novembro de 1632, em Amsterdã, Holanda — faleceu em 21 de fevereiro de 1677, em Haia, Holanda); foi um dos grandes racionalistas do século XVII, dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno.

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